Este blog não é escrito ao abrigo do novo (Des)Acordo Ortográfico!

11 novembro 2010

O que nos pode ensinar a Finlândia

Ontem encontrei um texto que nos pode ajudar a compreender o caminho que temos ainda a percorrer como nação. Mais do que um esforço institucional, estamos perante uma hercúlea tarefa individual, sendo necessário acima de tudo mudar mentalidades e comportamentos.

A Finlândia foi reconhecida internacionalmente como a nação menos corrupta do planeta e grande parte desse sucesso recai na estrita moralidade dominante no país. Apesar disso, e para facilitar a transparência, o país também conta com um conjunto de princípios para evitar o abuso de poder.

É assim que a Finlândia luta contra a corrupção:

1.       Na Finlândia, qualquer compra realizada pelas Administrações Públicas, desde um edifício até uma caneta, tem de ser executada segundo os mesmos preços de mercado e incluir, necessariamente, três ofertas de fornecedores diferentes, para poder escolher a menor delas.
2.       Princípio de transparência total das administrações públicas. Qualquer decisão tomada por um funcionário público dentro do desempenho da sua profissão - excepto as relacionadas com a segurança - pode (e deve) ser conhecida pelo resto dos cidadãos. Ninguém se pode negar a satisfazer as necessidades de informação, não só dos jornalistas mas também dos próprios cidadãos.
3.       Princípio de transparência total nas contas dos cidadãos. Os finlandeses podem saber quais são os rendimentos declarados de todos os residentes no país, desde o desempregado ao artista de maior sucesso da nação ou ao CEO da Nokia.
4.       Ausência de Presidentes da Câmara: a administração municipal na Finlândia é da responsabilidade dos "City managers", isto é, de funcionários públicos com experiência na administração de entidades deste género. Por conseguinte, o cidadão pode distinguir com clareza que a pessoa no comando é alguém subordinado aos eleitores e que pode ser despedido ou substituído pelo Conselho municipal - o órgão eleito nas urnas e que ostenta a soberania popular. Helsínquia é a única excepção a este modelo.
5.       Ausência de cargos de designação política: Na Finlândia os secretários de Estado e detentores de cargos afins são funcionários públicos de carreira que atingem o posto superando provas objectivas, em vez da designação partitocrática. Em 2005 remodelaram o sistema para permitir às organizações políticas eleger os Secretários de Estado. Ainda assim, muitos deles continuam actualmente a ser funcionários públicos que chegam ao cargo por bom trabalho prestado e mérito próprio.
6.       Poder compartilhado: a corrupção estende-se com maior facilidade quando o poder se concentra somente num indivíduo, e é por isso que na Finlândia se promove a tomada de decisão mediante o debate e o consenso. O conselho de ministros tem maior capacidade de poder que o Presidente da República.
7.       Princípio de acesso livre ao poder. A possibilidade de se converter num membro de alto posto da administração e ministérios finlandeses não recai numa elite intelectual formada em determinadas instituições de ensino, nem em pessoas que possam atrair o investimento de diferentes empresas para pagar as suas campanhas eleitorais, nem em cidadãos filiados em organizações políticas que são promovidos pelos méritos internos dentro de sua organização. Na Finlândia, os postos são ocupados por funcionários públicos - seguindo uma tabela meritocrática - e cuja carreira está aberta a todos os finlandeses.
8.       Princípio da proporcionalidade no castigo. A quantia das multas por violar as normas costuma ser proporcional aos rendimentos dos indivíduos e empresas. Em 2001 Anssi Vanjoki, alto executivo da Nokia, foi considerado culpado de condução perigosa por guiar a sua Harley Davidson acima dos limites de velocidade e teve que pagar uma multa cujo valor rondou os 70 mil euros. Este princípio de proporcionalidade no castigo, associado
à mancha social da possibilidade de estar envolvido em um caso de corrupção, age de forma extremamente dissuasória perante possíveis tentativas de ultrapassar o limite da legalidade.

Os Monty Python é que tinham razão...


29 outubro 2010

Os russos já perceberam. E nós?

Artigo de 02/10/2010 do Jornal Pravda.ru, escrito por Timothy Bancroft-Hinchey.

If it isn't Portugal, then it must be the European Union

Draconian measures were taken this week in Portugal by the "Socialist" (only in name) Government of José Sócrates, yet another right/centre right Government asking the Portuguese people to make sacrifices, a plea repeated time and again as this long-suffering, hard-working nation slips a few cogs further back into the quagmire of misery.


And it is not because they are Portuguese. Go to Luxembourg, which tops all the socio-economic indicators, and you will find that twelve per cent of the population is Portuguese, the people who built an Empire stretching across four Continents and who controlled the coastline from Ceuta on the Atlantic coast, round to the Cape of Good Hope, the Eastern coast of Africa on the Indian Ocean, the Arabian Sea, the Gulf of Persia, the Western coast of India and Sri Lanka.

This week, Prime Minister Socrates launched another wave of his austerity packages, cutting salaries and increasing VAT, more cosmetic measures taken in a climate of laboratory politics by haughty academics devoid of any contact with the real world, a mainstay in the Portuguese elitist political class in the PSD/PS see-saw of political mismanagement which has plagued the country since its Revolution in April 1974.

The aim? To reduce the deficit. Why? Because the EU says so. But is it just the EU?

No, it is not. The wonderful system that the European Union has allowed itself to get sucked into is one in which the Rating Agencies Fitch, Moody's and Standard and Poor's, based in the USA (where else?) virtually and physically control the fiscal, economic and social policies of EU member states through the attribution of credit ratings.

With friends like these agencies and Brussels, who needs enemies?

Let us be honest. The European Union is the result of a Pact forged by a frightened and trembling France, terrified of Germany after its troops marched into its territory three times in seventy years, taking Paris with ease not once, but twice and by a crafty Germany eager to reinvent itself after the nightmare years of Hitler. France got the agriculture, Germany got the markets for its industry.

And Portugal? Look at the brands of new cars (these seem to be immune to spending cuts) driven by private motorists to ferry around armies of "advisors" and guess which country they come from? No, they are not Peugeot or Citroen or Renault. They are Mercedes and BMWs. Top-of-the-range, of course.

Successive Governments formed by the main two parties, PSD (Social Democrats, right) and PS (Socialist, centre-right), have systematically sold Portugal's interests down the sewer, destroying its agriculture (Portuguese farmers are paid not to produce) and its industry (gone) and its fisheries (Spanish trawlers fish Portuguese waters), in return for what? What have the trade-offs they negotiated brought, except for the total annihilation of any possibility to create jobs and wealth on a sustainable basis?

Anibal Silva, now President but formerly Prime Minister for a decade between 1985 and 1995, the years when billions were pouring through his hands from the EU structural and development funds, is an excellent example of one of Portugal's better politicians. Elected fundamentally because he is held to be "serious" and "honest" (in the land of the blind, he who sees is King), as if that was a reason to elect a leader (which only in Portugal it is) and as if most of the rest were/are a bunch of useless leeches and parasites (which they are) he is the Father of the Public Deficit in Portugal and the champion of public spending.

His "concrete policy" was well conceived but as usual badly planned, the result of an inept, uncoordinated and at times non-existent Spatial Planning department, second, as usual, to vested interests which suck the country and its people dry. A huge part of the EU funds were channelled into building bridges and motorways to open up the country, facilitating internal transportation and constructing industrial parks in the interior cities to attract the population back from the coastline, where the vast majority resides.

The result was that the people now had the means to flee from the hinterland and reach the coastline even faster. The industrial parks were never filled and those industries which were set up have in many cases closed.

A large percentage of the EU taxpayers' money vaporised into phantom companies and schemes. Ferraris were bought. Hunting trips for wild boar were organized in Spain. Private homes were developed. And Anibal Silva's Government sat back and watched, in his first term, as the money was squandered. In his second term, Anibal Silva himself stood back and watched as his Government lost control. Then he tried desperately to distance himself from his own party.

And he is one of the better ones. After Anibal Silva came the well-meaning, well-intentioned and humanitarian António Guterres (PS), an excellent High Commissioner for Refugees and a perfect candidate for UN Secretary-General but a black hole in terms of financial mis-management. He was followed by the excellent diplomat but abominable Prime Minister José Barroso (PSD) (now President of the EU Commission) who created more problems with his discourse than he solved, passed the hot potato to Pedro Lopes (PSD), who basically never had a chance to govern, resulting in the two-term sinister horror or horrors, José Sócrates, a competent Minister of the Environment, but...

The austerity measures presented by this...gentleman... are the result of his own ineptitude as Prime Minister in the run-up to the world's latest crisis of capitalism (the one in which the world's leaders came up with three trillion dollars from one day to the next to bail out irresponsible bankers, while nothing was ever produced to pay decent pensions, healthcare programs or education projects).

And just like his predecessors, José Sócrates demonstrates an absence of emotional intelligence, allowing his ministers to practise laboratory politics and implement laboratory policies which are bound to be counter-productive. Pravda.Ru interviewed 100 civil servants whose salaries are going to be reduced. Here are the results:

They are going to cut my salary by 5%, so I will work less (94%)

They are going to cut my salary by 5%, so I will do my best to retire early, change jobs or leave the country (5%)

I agree with the sacrifice (1%)

One per cent. As for increasing taxation, the knee-jerk reaction will be for the economy to shrink even more as people start to make symbolic reductions, which multiplied by Portugal's 10 million population, will affect jobs and send the economy further back into recession. The mentally advanced idiot who dreamed up these schemes has results on a piece of paper, where they will stay. True, the measures are a clear sign to the ratings agencies that the Portuguese Government is willing to take strong measures, but at the expense, as usual, of the Portuguese people.

As for the future, the Portuguese opinion polls forecast a return to the PSD, while the parties on the Left (Left Block and Portuguese Communist Party) fail to convince the electorate to vote for excellent ideas and concrete proposals. In the case of the PCP, it is higher salaries, greater production, the diversification of the economy and basically, respect for the people who have supported this nonsense for decades. An excellent product devoid of a successful sales department.

Only Portugal's elitist political class (PSD/PS) could be capable of punishing a people for daring to be independent. They have sold Portugal's interests down the drain, they have asked for sacrifices for decades, have produced nothing and continue to massacre their people with further punishments. These traitors are leading more and more Portuguese to question whether they should have been assimilated by Spain centuries ago.

How sickening and how inviting that Portuguese saying "Those who do not feel well should move". Right, the hell away from Portugal, as everyone who can, is doing. What a pitiful comment on a wonderful country, a fantastic people, and a telling statement on an abominable political class from the centre, rightwards.

26 outubro 2010

O problema

Reflexão que nos deixou Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007):

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no que foi Santana Lopes ou no que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
- Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,
ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.

E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa ?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

03 setembro 2010

Boats go green

Que bela notícia!
De acordo com o suplemento "Ecosfera" do Público, esteve ontem em Leixões o E-Ship 1, um barco movido a energia eólica. É um moderno regresso às origens, depois de tantos mares navegados pelas embarcações à vela e posterior troca da energia do vento pela dos combustíveis fósseis...


A força do vento de regresso ao transporte marítimo

O E-Ship 1, movido com a ajuda do vento, chegou e partiu ontem de Leixões, rumo à Turquia.

Em finais do século XV, Vasco da Gama chegou à Índia e Cristóvão Colombo descobriu a América. Como? À data, só havia uma alternativa: o barco à vela, puxado pelo vento. Recurso que, na época da revolução industrial, deu lugar ao petróleo como fonte de energia utilizada nos navios.

Agora, como que num regresso às origens e fruto do aquecimento global, há quem faça novamente do vento uma realidade no transporte marítimo. É o caso do E-Ship 1. Do convés deste navio alemão, emergem quatro rotores de 27 metros cada um que, pela acção de turbinas, começam a girar, criando uma força de propulsão responsável pela poupança de cerca de 30 por cento de combustível. É dez vezes mais eficiente do que a maior vela existente. Tem 130 metros de comprimento e 22,5 de largura. Na sua viagem inaugural, chegou e partiu ontem de Leixões. Rumo à Turquia.

30 agosto 2010

Misteriosos casos de polícia

DB Cooper – O Skyjacker


O mistério de DB Cooper transformou-se num dos casos mais lendários do FBI. A 24 de Novembro de 1971, Cooper sequestrou um avião e, após pedir 200 mil dólares de resgate, saltou de pára-quedas com o dinheiro e nunca mais foi visto. O nome que consta no manifesto do voo é Dan Cooper, mas investigações posteriores levam a crer que se tratou de identidade falsa. Ao longo dos anos, e após várias tentativas logradas para apanhar Cooper, o “caso Norjak” (nome dado pelo FBI) continua a ser um dos mais misteriosos de sempre.


Mortes por Tylenol


Em 1982 morreram sete pessoas na área de Chicago, por ingerir Tylenol (medicamento largamente utilizado para aliviar dores, inflamações, febre, etc) envenenado com cianeto. Esta adulteração foi feita por um homem que queria extorquir a McNeil Consumer Products, fabricante do Tylenol e subsidiária da Johnson & Johnson. Como consequência deste incidente, o produto foi retirado do mercado, com prejuízos de 100 milhões de dólares para a farmacêutica. Investigações posteriores concluíram que o cianeto tinha sido introduzido nos comprimidos já após a distribuição do medicamento e não na farmacêutica. Mesmo assim, o pânico estava já instalado e foram precisos alguns anos para que os americanos voltassem a usar Tylenol.
Mais informações aqui.


O Assassino do Zodíaco


Entre Dezembro de 1968 e Outubro de 1969 no norte da Califórnia, um assassino em série atacou sete pessoas, matando cinco destas. Auto-intitulou-se “The Zodiac” e enviou várias cartas enigmáticas à imprensa e à polícia. Nestas cartas, que salientavam a sua loucura, anexava criptogramas, memorabilia de crimes passados e pistas sobre crimes que planeava cometer. Como característica marcante (até porque não apresentava modus operandi consistente) tinha a assinatura nas cartas que enviava, inspirada numa marca de relógios.
Apesar de o Zodiac nunca ter sido apanhado, o caso continua aberto em S. Francisco e noutras jurisdições da Califórnia, como Napa e Riverside.


JonBenét Ramsey



JonBenét Patricia Ramsey tinha apenas seis anos quando foi assassinada em 1996. O facto de a menina ser participante em concursos de beleza e os contornos misteriosos da sua morte atraíram os média. Oito horas depois de ter sido dada como desaparecida (e da mãe ter encontrado um pedido de resgate nas escadas da cozinha, com duas páginas e meia, e em que o suposto raptor pedia 118 mil dólares – valor exactamente igual ao do bónus que o marido tinha recebido no início do ano), a menina foi encontrada já sem vida na cave da sua casa, em Boulder, Colorado. Depois de perseguidas várias linhas de investigação, e tendo a polícia sido acusada de procedimentos incorrectos na persecução deste caso, o mesmo permanece em aberto, sem resolução à vista.
Para mais detalhes, ler este artigo.


Ataques de Antraz


Em 2001, os ataques com antraz nos EUA mataram 5 pessoas. As cartas contaminadas começaram a ser enviadas uma semana após os ataques de 11 de Setembro. O caso permanece sem solução, embora se saiba que a bactéria em questão foi manipulada por um cientista americano. Em meados de 2008, o FBI começou a investigar Edwards Bruce Ivins, um cientista que trabalhou em laboratórios de biodefesa do governo norte-americano. Ivins terá sido informado acerca do seu iminente indiciamento e morreu com uma overdose de Tylenol com Codeína, exposta como suicídio em 1 de Agosto de 2008.


O desaparecimento de Jimmy Hoffa


Ex-presidente do Teamsters (sindicato de trabalhadores norte-americanos), Jimmy Hoffa desapareceu em 1975 e nunca mais foi visto. Em 1964 tinha sido condenado por corrupção, tentativa de suborno e fraude, foi preso em 1967 e solto em 1971. Após a sua libertação, o presidente Richard Nixon impediu Hoffa de ter qualquer actividade sindical até 1980. Hoffa começou a recolher apoios para reverter esta decisão, e pouco tempo depois acabou por desaparecer. No dia do seu desaparecimento, 30 de Julho de 1975, Hoffa foi a uma reunião com dois líderes da máfia (Anthony Provenzano e Anthony Giacolone) num parque de estacionamento do Restaurante Machus Red Fox em Detroit. Provenzano era também líder sindical dos Teamsters em Nova Jersey, e já havia sido amigo de Hoffa. As buscas foram inconclusivas e Hoffa foi declarado legalmente morto em 1982, no sétimo aniversário do seu desaparecimento.


Os casos de mutilação de gado

 

Durante o final da década de 70 foi realizado um inquérito em vários estados do E.U.A. onde tinham ocorrido misteriosas mutilações de animais. Começaram então a ser difundidas várias ideias sobre os possíveis responsáveis: extra-terrestres, cultos satânicos, miúdos brincalhões, predadores naturais e até agências governamentais desconhecidas. Uma coisa é certa: os casos de mutilação de gado nunca foram resolvidos e continuam um mistério até hoje.


O Unabomber


Theodore John Kaczynski (nascido em Chicago a 22 de Maio de 1942), mais conhecido como Unabomber, é um matemático norte-americano, escritor e activista político, condenado a prisão perpétua na sequência de uma série de atentados à bomba. Matemático brilhante, abandonou a sua carreira na Universidade de Berkeley e afastou-se do seu círculo social para viver como um eremita numa cabana isolada no meio da floresta. Frustrado por ver as redondezas da sua cabana serem destruídas pelo desenvolvimento urbano, começou a enviar bombas pelo correio, num período que se estendeu por mais de 20 anos. Os seus alvos eram maioritariamente cientistas informáticos, companhias aéreas, geneticistas e outros tecnocratas renomados, também referidos, por entre aqueles que partilham a linha política do Unabomber, como sendo os “arquitectos da Nova Ordem Mundial”. A campanha causou 3 mortos e 22 feridos. A 24 de Abril de 1995, escreveu uma carta ao New York Times, na qual prometia desistir dos ataques se o jornal publicasse o seu manifesto “Industrial Society and Its Future”. Neste manifesto, justificava os atentados como uma forma de alertar as pessoas para os perigos do desenvolvimento em detrimento da protecção da natureza e da liberdade humana. Em 1996, Theodore Kaczynski foi preso por denúncia do seu irmão, David Kaczynski, ao FBI. Na sua cabana foram encontradas provas que o ligavam à campanha do Unabomber, que continua preso até aos dias de hoje.


A Dália Negra


Um dos casos mais misteriosos do FBI também é um dos mais horríveis. Elizabeth Short, apelidada de Dália Negra pela imprensa, foi brutalmente assassinada em 1947. O seu corpo foi encontrado sangrado e cortado ao nível da cintura num terreno baldio na zona do Parque Leimert em Los Angeles. A sua face tinha sido cortada desde as comissuras labiais até às orelhas. Short tinha apenas 22 anos quando desapareceu em 9 de Janeiro, tendo os seus restos sido descobertos seis dias depois. A sua morte manteve-se sempre um mistério e o assassino nunca foi encontrado.

Isto já vem de trás

Pelo que percebi deste artigo, publicado hoje no Blog "100 Reféns" do Expresso, a tradição de mau condutor vem já desde os primórdios da existência de automóveis em Portugal.
Já diz o povo "pau que nasce torto, tarde ou nunca endireita"...


Primeira viagem de automóvel em Portugal matou um burro

Segundo a edição "Portugal há 100 anos" da revista Visão Historia, o primeiro mau exemplo nas estradas deste país ao volante de um automóvel foi dado em 1896 por Jorge de Avilez - conde de mesmo nome ("oferta" da monarquia) - ao volante de um Panhard-Levassor. Farto que estava de andar sempre agarrado ao cavalo, o conde encomendou um automóvel que chegou de França. Uma novidade - foi mesmo o primeiro e durante algum tempo único automóvel a circular nas estradas do nosso país.

O Conde - ilegal na estrada pois não tinha carta de condução, ou talvez não estivesse pois em boa verdade não existiam sequer escolas e o automóvel era exemplar único - partiu de Lisboa em direcção a Santiago do Cacém na viagem inaugural do veículo. Aparentemente tudo corria sobre rodas, até porque o trânsito era reduzido. Algumas ultrapassagens a carroças e cavalos, mas nada de carros, motas, camiões, placas, rotundas, brigadas da GNR, radares, portagens e afins. Era sempre a abrir no Levassor. E levava o conde o diabo no corpinho e o pedal a comer a carpete quando quis o destino que um burro se lhe atravessasse à frente.

Diz quem viu que o choque foi de tal forma violento que do animal pouco ou nada sobrou. Apenas a dentição cravada na grelha do automovel. O burro desintegrou-se às mãos deste "Fangio" de sangue vermelho e título azul. Não consta ainda que o nobre tenha chamado a assistência em viagem do ACP. Até porque o Real automóvel clube, como era designado o ACP na sua génese, apenas viria a ser fundado em 1903.

Assim ficou registado, durante a viagem atribulada do conde ao Alentejo, o primeiro acidente de viação motorizado nas estradas de Portugal. Sem perda de vidas humanas é certo, apenas o trágico falecimento de um burro.

27 agosto 2010

É que ainda ontem vi um de rodas para o ar ao pé do Dragão

Ultimamente tem-se discutido, pelas piores razões, o problema da sinistralidade rodoviária em Portugal.

Se é verdade que os condutores se deparam com muitas estradas em mau estado e com sinalização claramente deficiente (no que toca ao mau estado das estradas, basta circular pela N13 ou pela N107 - Via Norte e Estrada do Aeroporto - para comprovar que, entre buracos, tampas de saneamento e falta de marcação, estas estradas são um convite à asneira), é também realidade a falta de civismo e educação com que, regra geral, somos brindados pelos condutores, nas estradas Portuguesas.

É comum encontrarmos condutores que não respeitam as regras de segurança na circulação automóvel, que continuamente circulam a velocidades excessivas (a velocidade a que circulamos numa estrada deve ser adequada à via em questão, às condições meteorológicas, à nossa própria viatura e - também é importante - ao nosso estado físico e mental no momento), que não sinalizam manobras de forma adequada, que evitam as faixas da direita porque são para os camiões (e depois andam nas faixas do meio a pisar ovos e a obrigar os outros condutores a decidir entre continuar na faixa da direita e cometer uma infracção grave - ultrapassar pela direita - ou deslocar-se para a faixa da esquerda e perturbar de alguma forma a fluência do trânsito), que acham que a lei da selva é perfeitamente aplicável à circulação rodoviária e que "os tansos são os outros".

Por fim, como que a enfeitar toda esta falta de respeito e de condições de circulação, temos uma prevenção rodoviária muito deficiente, que se baseia em conceitos estruturalmente incompletos para fazer um trabalho que simpaticamente podemos rotular de "miserável". Vejamos, portanto, a seguinte notícia, publicada hoje no JN:

Aceleras impunes na VCI

Ninguém quer saber dos radares da VCI (IC23), no Porto. Desde 2007 que ninguém se responsabiliza pelo processamento das multas, mas havia indicações de que os equipamentos da Prelada e das Antas seriam substituídos até Junho. Agora, nem isso.

Há quase três anos que os excessos detectados pelos radares da Via de Cintura Interna (VCI/ IC23) não têm consequências e, ao que tudo indica, a situação assim continuará. Na prática, tanto faz passar pelos controladores de velocidade a 90, 100, 120 quilómetros por hora ou mais porque o condutor não recebe as multas.

Desde que a Câmara do Porto deixou de ter competência sobre a gestão da via - em Dezembro de 2007 passou para a Estradas de Portugal que a integrou na concessionária Auto-estradas do Douro Litoral (AEDL) - que ninguém assume a responsabilidade pelo levantamento dos autos.

No entanto, em Abril deste ano, a Autarquia portuense garantiu, ao JN, que o contrato celebrado entre a Estradas de Portugal e a concessionária da VCI obrigava esta última a instalar um novo sistema de controlo de tráfego até Junho passado.
Contactada pelo JN sobre o andamento do processo, a AEDL reiterou, por escrito, que o contrato de concessão não inclui a colocação, operação, manutenção e/ou substituição dos equipamentos de controlo de velocidade instalados.
"A Auto-estradas do Douro Litoral é uma concessionária de auto-estradas e não uma autoridade de viação e trânsito", justifica a empresa.
Por outro lado, continua a AEDL, "o contrato de concessão prevê, sim, a colocação, operação e manutenção de equipamentos de telemática rodoviária", como por exemplo câmaras, painéis de mensagens ou postos SOS. Mas nesta lista "não se incluem os radares de controlo de velocidade", frisa fonte da concessionária. 

A mesma fonte acrescenta, ao JN, que estão a ser feitos estudos para a colocação dos respectivos equipamentos na VCI, mas não soube precisar datas para a sua entrada em funcionamento. A concessão daquela via à AEDL estende-se até 2012.
Até finais de 2007, as infracções detectadas pelos radares eram processadas pela Autarquia do Porto que as enviava para a antiga Direcção-Geral de Viação para a respectiva cobrança. Foi, aliás, a Câmara que desembolsou meio milhão de euros para pagar o sistema de controlo de velocidade. Quando a VCI passou para a Estradas de Portugal, esta pagou 350 mil euros à Câmara pelos radares, mas as multas deixaram de ser processadas.
Estradas de Portugal, AEDL e Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias (InIR) rejeitam responsabilidades na gestão do sistema.

Conforme já noticiado, a Estradas de Portugal diz que a competência é do InIR e este organismo, dependente do Ministério das Obras Públicas, empurra para o Ministério da Administração Interna. Que, por sua vez, encaminha para a Autoridade Nacional para a Segurança Rodoviária (antiga Direcção-Geral de Viação).
Esta justifica que apenas lhe cabe proceder à instrução dos processos de contra-ordenação com base nos autos que lhe são remetidos. Conclusão: ninguém assume a responsabilidade pelo processamento das multas.

Não se sabe se o sistema, já degradado e com alguns painéis desligados, continua a disparar quando detecta a passagem de veículos a mais de 90 quilómetros por hora. Certo é que não há multas.


Ora, ainda ontem à noite presenciei um acidente na descida para o Freixo, causado indubitavelmente por um misto de "pista molhada" com excesso de velocidade (comportamento inconsequente do condutor em questão, uma vez que o senso comum e as regras do civismo nos dizem que, em piso molhado, a velocidade deve ser mais moderada). Numa zona em que existe o quê? Sim, um destes famosos radares.

Mostram o sinal a indicar que é proibido andar a mais de 90Km/h? Mostram.

Tiram fotografias se circularmos acima dessa velocidade? Tiram.

Para que servem? Não sei, mas certamente que não dissuadem os condutores da mítica asneira, tão popular nas nossas estradas.

A prevenção não é ter radares que tiram fotos e dão origem a multas (é que neste caso, nem isso acontece). A prevenção não é (só) ter BT's a mandar parar os condutores e a multar quem transgride. É que aí o mal já está feito, e se eu posso pensar duas vezes em repetir uma façanha que me custou 200 ou 300€ numa multa, na maior parte das vezes a façanha é de tal forma desajustada que à primeira já deu em acidente.
Prevenção implica uma actuação à priori, um conjunto de acções para promover o não acontecimento de determinadas consequências. Se não actuarmos na origem dos comportamentos de risco não fazemos prevenção. Se não educarmos os nossos cidadãos desde cedo a respeitar os outros condutores e a própria estrada, não é com radares, BT's e multas que vamos conseguir diminuir a sinistralidade rodoviária.

Era melhor pensar bem nisto...

26 agosto 2010

África, esse mundo à parte

De acordo com uma notícia publicada no site da AngolaPress, "pelo menos três pessoas morreram no (passado) fim-de-semana na Beira, centro de Moçambique, após terem sido espancadas por populares do bairro da Munhava, arredores da cidade". Isto porque os populares acusavam uma série de indivíduos de serem "malfeitores dedicados ao roubo de bens e residências". E lá foram eles...

Ao que parece, este tipo de linchamento está longe de ser esporádico em Moçambique. Desde Janeiro deste ano já ocorreram 11 situações deste tipo. E nem sempre os perpetrantes acertam nos malfeitores: ainda há pouco tempo dois jovens tinham sido espancados (à catanada) por terem sido confundidos com assaltantes.

A notícia conta-nos ainda que não é só na Beira que este fenómeno acontece, sendo comum tanto em zonas rurais como na própria capital, Maputo. Citando o original, "No ano passado populares mataram pessoas que acusaram de estarem a colocar cólera na água, confundindo cólera com cloro, e também têm sido registados casos de linchamentos de pessoas acusadas de fazer parar a chuva, em períodos de seca extrema."



Podia tecer comentários a esta última transcrição, mas infelizmente só me consigo rir. África é mesmo um mundo à parte!

Os "apuros" de Wolf Mankowitz

Li hoje esta notícia no Público e transcrevo-a aqui porque a achei deliciosa:


O homem que deu vida a Bond foi suspeito de espionagem 

Wolf Mankowitz, primeiro argumentista de “O Agente Secreto 007”, foi seguido pelos serviços secretos britânicos, sob a suspeita de ser um espião soviético, revelam documentos hoje divulgados.


Wolf Mankowitz foi um dos mais destacados argumentistas britânicos das décadas de 50 e 60, mas o mundo em geral, e o universo dos admiradores da série 007 em particular, recorda-o por outra razão. Não só foi o primeiro argumentista, apesar de não creditado, da estreia da série, “O Agente Secreto 007”, e, já creditado, da sátira a Bond “Casino Royale”, como foi o homem que apresentou Harry Saltzman a Albert Broccoli, os produtores que, pouco depois, decidiram avançar com a adaptação ao cinema dos policiais de Ian Fleming. Soube-se agora que, ironicamente, o argumentista de espiões foi espiado durante mais de uma década pelo MI5, o serviço britânico de segurança interna, que desconfiava que o marxista Mankowitz pudesse ser um espião soviético.

Ficheiros do MI5 hoje libertados revelam que chamou a atenção dos serviços secretos em 1944, após o seu casamento com Ann, membro do partido comunista que conhecera enquanto estudante de Inglês em Cambridge. A mudança do casal para Newcastle upon Tyne, onde davam aulas na Worker’s Educational Association, aumentou as suspeitas: “Wolf parece ser, no mínimo, um marxista puro”, lia-se num relatório citado no Guardian.

Na década e meia seguinte, Mankowitz foi seguido de perto. Foi fotografado durante as visitas regulares que fazia ao consulado soviético, enquanto membro da Associação de Amizade Britânico-Soviética, e os seus telefonemas e telegramas foram interceptados. Ainda que nada de relevante tenha resultado das investigações, o MI5 alertou a BBC, enquanto Mankowitz se candidatava várias vezes desde 1951, sem sucesso, a um cargo na estação, para o “perigo” que representaria o seu acesso a informação classificada como secreta.

O interesse no argumentista, que também era proprietário de uma loja de antiguidades em Picadilly, Londres, desvaneceu-se à medida que foi aumentando o seu sucesso, que chegou com o romance “A Kid Of The Farthings”, levado ao cinema por Carol Reed, e se manteve com o argumento do musical “Expresso Bongo”, transformado depois em filme com Cliff Richard no elenco.

Em 1958, Wolf Mankowitz já tinha garantido um programa de entrevistas semanais na ITV. Num deles o entrevistado, o escritor e jornalista Ludovic Kennedy, questionou-o sobre o seu comunismo. A resposta, recorda o Guardian, surgiu rápida: “Não, não sou comunista. Sou um anarquista.”

Levando em consideração o seu “sucesso considerável” e a sua condenação da invasão soviética à Hungria, em 1956, o MI5 decidiu finalmente, década e meia após o início das investigações, que o argumentista não representava qualquer perigo para a segurança nacional britânica. Nessa altura, já Wolf Mankowitz tinha apresentado Harry Saltzman a Albert Broccoli, que o convidaram a escrever o primeiro guião de “O Agente Secreto 007”, projecto que abandonaria por recear um “flop” que arruinasse a sua reputação. Quando reconsiderou e pediu para o seu nome ser novamente creditado no filme, era já tarde demais - as cópias finais estavam prontas.

Wolf Mankowitz morreu em 1998, aos 73 anos, vítima de cancro. Ao saber que o pai tinha sido seguido pelos serviços secretos britânicos, o seu filho, o fotógrafo Gered Mankowitz, declarou ao The Independent: “Não fazia ideia que Wolf tinha sido investigado pelo MI5 e, na verdade, não consigo perceber porque o foi”.

24 agosto 2010

Sonhar

Esquecemos 90% dos nossos sonhos

Após 5 minutos acordados, metade do sonho foi já esquecido. Em 10minutos, 90% desaparece. O famoso poeta Samuel Taylor Coleridge acordou uma manhã depois de ter um fantástico sonho (possivelmente induzido pelo ópio) e começou a descrever “visão num sonho”, que é um dos poemas ingleses mais famosos: Kubla Khan. Depois de escrever 54 linhas, foi interrompido por um visitante indesejado. Samuel voltou ao seu poema, mas não conseguiu lembrar o resto do seu sonho. O poema nunca foi concluído.

Curiosamente, o autor Robert Stecenson inventou a história do Dr. Jeckyll e Sr. Hyde enquanto dormia. Frankenstein, de Mary Shelley, também foi filho de um sonho da autora.

Toda a gente sonha

Com excepção de algumas pessoas com distúrbios psicológicos extremos, toda a gente sonha. Os homens tendem a sonhar mais acerca de outros homens, enquanto as mulheres tendem a sonhar igualmente com pessoas de ambos os sexos. Ambos experimentam reacções físicas aos seus sonhos, independentemente da sua natureza (sexual ou outra): os homens têm erecções e nas mulheres aumenta o fluxo sanguíneo vaginal.

Os sonhos previnem psicoses

Num estudo recente sobre o sono, alguns estudantes que foram acordados no início de cada sonho, sem obstante terem sido impedidos de dormir as suas oito horas de sono. Todos experimentaram dificuldades de concentração, irritabilidade, alucinações e sinais de psicose depois após três dias. Quando finalmente foram autorizados a dormir durante o sono REM, os seus cérebros compensaram o tempo perdido aumentando bastante o tempo de sono realizado em REM.

Sonhamos apenas sobre aquilo que conhecemos

Os nossos sonhos estão frequentemente cheios de pessoas estranhas que desempenham certos papéis. Mas não é a nossa mente que inventa essas personagens. Pelo contrário, são rostos reais de pessoas que vimos durante a nossa vida, mas que podemos não relembrar. O carrasco do meu último pesadelo pode bem ter sido o padeiro a quem a minha avó comprava pão quando eu era criança. Como vemos centenas de milhares de rostos por dia é possível que tenhamos um provimento infindável de personagens que nossa mente pode utilizar durante os sonhos.

Nem todos sonham a cores

Existem pessoas com visão normal (12%) que sonham exclusivamente a preto e branco. O restante sonha a cores. Há também temas comuns para os sonhos, sendo as mais usuais situações relacionadas com a escola, ser perseguido, tentar correr e mesmo assim andar devagar, experiência sexuais, cair, atrasar-se, queda de dentes, voar, reprovar num exame ou ter um acidente de carro. É desconhecido se o impacto emocional de um sonho relacionado com violência ou morte é mais maior para a pessoa que sonha a cores ou para as que sonham a preto e branco.

Os sonhos não são sobre o assunto que parecem tratar

Se sonhamos sobre algum assunto em particular não é comum que o sonho seja realmente sobre isso. Os sonhos falam-nos numa linguagem profundamente simbólica. A mente consciente tenta comparar o sonho a outra situação ou coisa similar. É como uma analogia num poema que diz que as formigas são como máquinas que nunca param. Num sonho nunca comparamos algo com esse mesmo algo, assim como na poesia, por exemplo: “Aquele belo pôr-do-sol era como um belo pôr-do-sol”. Portanto, seja qual for o símbolo escolhido pelo sonho, é muito improvável que o propósito do sonho seja o símbolo em si.

Quem pára de fumar tem sonhos mais vívidos

Os tabagistas que fumaram por muito tempo e pararam reportaram mais sonhos vívidos do que os tidos previamente, antes de cessar o consumo. Além disso, de acordo com o Journal of Abnormal Psychology “de entre 293 fumadores que se abstiveram entre uma e quatro semanas, 33% disseram que tiveram ao menos um sonho sobre fumar. Na maioria dos sonhos as pessoas estavam a fumar e sentiam fortes emoções negativas como pânico e culpa. Os sonhos sobre fumar resultaram da desistência do hábito, uma vez que 97% dos voluntários não os tinham enquanto fumavam e a sua ocorrência aumentou significativamente durante o período de abstinência. Estes sonhos foram relatados como mais vívidos do que os sonhos normais e mostraram-se tão comuns como os grandes sintomas de abstinência do tabaco”.

Estímulos externos invadem os nossos sonhos

A este fenómeno dá-se o nome de “Incorporação no Sonho” e é a experiência em que a maioria de nós ouve um som do mundo real no seu sonho e o incorpora de alguma maneira. Um exemplo semelhante acontece quando sentimos sede ou vontade de urinar no mundo real enquanto dormimos e a sensação é transportada para o sonho. A maioria das crianças, já grandes, urina na cama por causa da incorporação: estão com a bexiga cheia, sonham que estão “aflitos” e urinam no sonho ao mesmo tempo que molham a cama. Pessoas que ficam com sede durante o sono narraram beber copos de água dentro do sonho para, minutos depois, ficar com sede e novamente beber outro copo. O ciclo repete-se até o momento em que a pessoa acorda.

Paralisamos durante o sonho

Acreditemos ou não, o nosso corpo fica virtualmente paralisado durante o sono. Isto ocorre possivelmente para nos prevenir de por em prática movimentos relacionados com os nossos sonhos. Durante o sono há glândulas que segregam uma hormona que ajuda a induzir o sono e os neurónios enviam sinais à coluna vertebral que causam o relaxamento do corpo, com consequente paralisação do indivíduo.

Os cegos também sonham

Indivíduos que ficam cegos após o nascimento conseguem ver imagens nos seus sonhos. Por outro lado, quem já nasce invisual não vê qualquer imagem, mas relatam sonhos igualmente vívidos relativamente a estímulos sonoros, olfactivos, tácteis e emocionais. Isto porque o nosso corpo "usa" o sonho e as sensações por ele causadas como um incentivo virtual para que tenhamos o sono de que tanto necessitamos.

Fonte