Este blog não é escrito ao abrigo do novo (Des)Acordo Ortográfico!

28 setembro 2006

Demasiadas Verdades Inconvenientes

Na passada sexta-feira fui ver o documentário da autoria de Al Gore, chamado An Inconvenient Truth.Sempre me interessei pela protecção do planeta Terra e dos seus ecossistemas. No fundo, penso que é uma necessidade quase darwinista de preservação da espécie.

Tento estar a par das campanhas de sensibilização e protesto; tento levar o meu dia-a-dia como cidadã responsável e activa na diminuição dos níveis de poluição, na poupança de energia e na luta pela conservação de espécies animais e vegetais; tento, o quanto me é possível, ler artigos de jornais e revistas, consultar websites e outras fontes que me permitam ter uma ideia do "ponto da situação" e de acções que posso e devo levar a cabo para (pelo menos) não prejudicar o mundo onde vivo.

No entanto, uma coisa é saber que o aquecimento global existe, que as calotas polares estão em constante degelo, que isso põe em causa a dinâmica dos ecossistemas e das espécies neles integradas e que as consequências desta situação são absolutamente desastrosas. Outra coisa totalmente diferente é estar numa sala escura, concentrada numa tela e, durante 100 minutos, ser sistematicamente confrontada com os números. Os gráficos. As contagens exactas do que aconteceu e as previsões cientificamente comprovadas do que pode vir a acontecer.

Durante aquela sessão de cinema, as informações que recebi caíram na minha consciência como pedras e a minha desilusão em relação à espécie humana cresceu de forma abrupta.
Nós não somos como os outros animais, disso tenho eu a certeza. Mas não é por sermos mais inteligentes, muito pelo contrário.

Somos simplesmente auto-destrutivos e racionalmente burros.

Permitam-me explicar: à excepção do Homem, governante todo-poderoso deste planeta, as espécies que com ele partilham este T0 na baixa do Sistema Solar não têm o poder de raciocinar (ou se têm, raramente o demonstram nos mesmos parâmetros que os Homens). Se formos a ver com atenção, essas espécies irracionais pouco ou nada contribuem para o aquecimento global, quando comparadas com a espécie dominante (e não me venham falar do metano resultante dos excrementos, que isso comparado com o CO2 emanado pelos automóveis e indústrias humanas, é só um montinho de caca).

Ou seja, eles, supostamente menos inteligentes que nós, não estão a contribuir directamente para a rápida destruição do apartamento onde vivem. No entanto, nós fazemo-lo diariamente e em crescendo.
Afinal, se calhar pensar não nos serve de muito, visto que o nosso instinto (visto como o legado contraproducente que recebemos dos antepassados irracionais) nos remete para a protecção da espécie e não para a sua destruição; o que nos tem levado à ruína é o nosso lado cogitante, que tem a mania de inventar coisas supostamente necessárias para o nosso desenvolvimento e que em última análise levará à completa destruição do T0 e de todos os seus habitantes.

Afinal não somos assim tão brilhantes quanto pensávamos. Especialmente quando falamos sobre os governantes dos governantes do planeta, que devido a invenções altamente estúpidas denominadas dinheiro e economia (com todas as idiotices que delas decorreram), tornaram uma simples moeda num bem mais precioso do que a própria vida e futuro da espécie que governam.


Já imaginaram o que aconteceria se o Leão se lembrasse de reorganizar a vida da selva em torno de um nico de metal?
Ou de papel? Eu não sei, mas acho que: 1) o Leão é demasiado cauteloso para colocar em xeque-mate o futuro da selva (lá está, não pensa, mas tem como instinto salvar as suas crias, as crias das suas crias, as crias das crias....); 2) se ele efectivamente avançasse com a ideia, certamente iria dar início a uma revolução na selva, porque o pessoal não é estúpido e tem o mesmo instinto protector do Leão. Ou seja, esta ideia nunca iria avante se não fosse a nossa mania de pensar.


É que parece que quanto mais pensamos, mais nos enterramos. Quanto mais avançados somos, mais comprometemos o futuro dos nossos filhos, dos filhos dos nossos filhos, dos filhos dos...


Não consigo deixar de pensar em algo que me deixa profundamente angustiada (lá está, a porra da mania de pensar só traz problemas): Será que vou querer que os meus filhos vivam num mundo assim? Valerá a pena condená-los a viver no seio de uma espécie auto-destrutiva e sem respeito pelo local onde vive ou pelos seus pacatos vizinhos? Serei eu suficientemente sádica para os fazer (eventualmente) passar por esta angústia?

É este o dilema da minha vida: ou sigo o meu instinto de preservação da espécie e deixo o meu legado como os outros animais (ou seja, procrio); ou sigo o meu instinto de preservação da espécie que me leva a querer poupar as próximas gerações do sofrimento que as aguarda e não procrio.

Disto estou certa: continuarei a fazer o que me é possível para diminuir o impacto nocivo que a minha moderna existência tem sobre o ambiente; continuarei a tentar consciencializar os que me rodeiam relativamente a este problema e a dar-lhes informações sobre o que podem fazer para o minimizar; continuarei a usar os meios que tenho disponíveis para protestar contra políticas economicistas que teimam em pôr em causa a sobrevivência do planeta.
Continuarei a ser como sou, mas agora com mais veemência.

P.S. - A todos os interessados, aqui ficam alguns links onde podem obter mais informações sobre este problema (incluindo investigações que não vão de encontro aos dados apresentados por Gore e que salientam a natureza controversa e parcialmente desconhecida do fenómeno do aquecimento global) e pequenos conselhos que podemos seguir no dia-a-dia para minimizar o nosso impacto nocivo sobre o ambiente:



Ah, e não deixem de ver este filme. Concordem ou não com a abordagem ou com a exactidão dos factos apresentados, vale sempre a pena saber um pouco mais ou relembrar o que temos escondido lá atrás porque nos é "inconveniente" para o quotidiano.

Sem comentários:

Enviar um comentário