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08 junho 2008

Enquanto o "Pobinho" sorri com o sol e o Euro, continuo a pensar...

Todos os dias recebo emails.

Uns mais interessantes que outros, uns mais repetidos que outros. Uns leio de imediato, outros guardo para depois, outros ainda apago sem ler, porque conheço o título ou me soa a algo que não me vai interessar (peço desculpa se magoei alguém com isto...).

Este texto foi-me enviado há algum tempo por uma amiga. Li-o na altura e não consegui deixar de pensar nele. Não é que me tenha dito algo que não soubesse. Não me surpreendeu nem emocionou. Mas não consigo deixar de pensar: se eles conseguem, nós só não conseguimos porque não queremos.

Sei que temos a mania de achar que "lá fora é que se está bem" e que este país não presta. Errado. Presta sim senhor!

O que não presta são exactamente os patos bravos, os despezistas, os parasitas, os rendimentos mínimos (e quem os inventou), os Lordes do Bolso Roto e Papo Inchado... São esses que perpetuam este estado de alegre decadência ao qual já chegámos há muito tempo e que vamos tolerando com pseudo-protestos relativos às meias-verdades que nos vão sendo permitidas saber.

Neste momento todo o país anda de bandeiras às janelas, vibrando fervorosamente pelos nossos bravos que estão a lutar pelo orgulho nacional na Suíça.

Senhores, aquilo são homens, relvados e bolas... Não é com uma vitória num campeonato europeu que vamos ter melhor qualidade de vida, que as desigualdades vão ser esbatidas, que vamos educar as nossas crianças melhor ou acabar com os parasitas que nada fazem e, "pobrezinhos", todos os apoios recebem.

Orgulho nacional era ajudarmos a limpar a casa e compreendermos que é preciso tê-los (e grandes) para mudar tudo o que é preciso e colocar este país nos eixos.

Sempre tive muito orgulho na minha nacionalidade e no país em que vivo. Continuo a ter. Começo é a ter vergonha de algumas pessoas que nasceram e vivem aqui comigo. Somente e apenas isso.

É verdade, aqui vai o texto que me enviaram por email:

 

Noruega... para pensar

'Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez.'

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'A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros.'
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'É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica.'
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'Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos.
Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, com vidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes.'
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'Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa.'
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'Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola.
Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social.'
'Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado», para depois exigirem isenções e subsídios.'
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É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós.
Seria meio caminho andado para nos civilizarmos.

 

E é isto que se me apraz dizer hoje. É nisto que tenho pensado nos últimos tempos.

Aproveito também para informar os poucos leitores desta espelunca que a minha ausência se deve ao facto de o trabalho que tenho 9 às 18 (e mais algumas...) não me permitir o luxo de escrever tanto quanto desejaria. Nem escrever nem nada...

Até já!

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